Androcentrismo acima de tudo, masculino genérico acima de todas (e de todes): O patriarcado linguístico nos manuais e guias de redação tocantinenses

Autor: Paulo Anízio Martins de Souza
Em um cenário moralista do tipo Deus, Pátria e família, atiçado de um lado por segmentos fundamentalistas e de outro pela insatisfação destes com o retorno de Lula como Presidente, procuraremos abordar em que medida manuais e guias de redação oficial em uso no Estado do Tocantins são patriarcalistas, androcêntricos e sexistas. Para isso, discutiremos como o Manual de Redação da Presidência da República com seus exemplos e modelos e a própria língua portuguesa com sua marcação de gênero acabam sendo decisivos para o apagamento linguístico de mulheres e de grupos LGBTQIA+.
SUMÁRIO Apresentação Introdução CAPÍTULO 1 Linguagem inclusiva, sexismo e androcentrismo Conceitos fundamentais e adões (des)iguais Androcentrismo, patriarcado e sexismo Gênero e sexo Violência simbólica Androcentrismo e primazia adâmica A primazia de gênero nos dicionários e nas acepções Um caso particular de primazia, a reversão de gênero Linguagens inclusiva e neutra de gênero e o nome da rosa A linguagem inclusiva de gênero A linguagem neutra de gênero Como as linguagens inclusiva e neutra de gênero costumam aparecer Os poréns da linguagem inclusiva de gênero Os poréns da linguagem neutra de gênero Mas, com tantos poréns, como pode se dar a inclusão de gênero na língua? Afinal será que faz diferença o emprego das linguagens inclusiva e neutra de gênero? O nome da rosa Projetos de lei (des)favoráveis e amigues (não) convidades Inclusão e neutralidade de gênero na língua, alguns percursos e manifestações Os discursos do Poder Executivo e as redes sociais com seu latim de conveniência STF versus Rondônia O que (não) querem projetos de lei como os de Rondônia Projetos de lei voltados à linguagem inclusiva e a Presidenta que não é “presidenta” Cuidados observados em projeto de lei voltado à inclusão de gênero pela linguagem Quem (não) convida es amigues Institucionalização e militância Linguística folk Sobre pets e visões Formas marcadas e não marcadas Que ração comprar Masculino que de tão comum nos faz ver coisas Masculino genérico e sua (in)visibilidade O que quadros, quadrinhos e poetas nos dizem Um enquadre que não é genérico, mas sim prototípico O que andam falando pra Mafalda As (não) poetas de Woolf Status quo: criaturas difusas e tentáculos profusos Por que não um ginecocentrismo linguístico? As criaturas e seus tentáculos CAPÍTULO 2 Manuais e guias de redação oficial em uso no Estado do Tocantins A genealogia da redação oficial A prole tocantinense do MRPR Guia de Redação e Formatação de Comunicações Oficiais (UFT, 2021) Guia de Documentos Institucionais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO, 2017) Manual de Redação Oficial do Tribunal de Contas do Estado do Tocantins (TCE-TO, 2013) Manual de Redação Oficial do Ministério Público do Tocantins (MP-TO, 2017) O DNA da prole O patriarcado linguístico nos manuais e guias de redação e suas patercularidades Nosso ponto de partida Por que os exemplos? Masculino acima de tudo, sexo biológico acima de todes Por que pronomes com “vossa” demandam explicação de concordância O interlocutor homem e o interlocutor mulher de Brasil (2018) As Excelências e Senhorias de UFT (2021) e com quem andam O interlocutor masculino e a pessoa mulher de IFTO (2017) As Excelências e Senhorias de MP-TO (2017) que silenciam o feminino O sempre governador de TCE-TO (2013) O que os Senhorias e Excelências nos dizem Senhorias, Excelências e seus números Androcentrismo acima de tudo, patriarcado acima de todas De Sua Excelência para Vossa Excelência, na pessoa do Senhor A senhora e os senhores de Brasil (2018) O signatário, os servidores convidados e o chefe de gabinete De Ministro para Ministro A Sua Senhoria a Senhora tão só À senhora, solicitação, aos senhores, informes e convites A senhora, os senhores e seus números em Brasil (2018) Os fulanos e os prezados de UFT (2021) Ao Sr. Fulano de Tal “cum debita reverentia” Prezados Erga Omnes Os fulanos, os prezados e seus números em UFT (2021) As magnificências, os diretores e os majestáticos de IFTO (2017) De Sua Magnificência o Reitor para um Diretor-Geral O Reitor “convidamos” Suas Senhorias os Diretores De quem é a majestade dos plurais As magnificências, os diretores e seus números em IFTO (2017) O déjà vu da senhora e o rendez-vous dos senhores de MP-TO (2017) A Sua Senhoria a Senhora tão só 2 Depois da solicitação à diretora o convite aos prefeitos A quem se dirige a minuta À senhora, solicitação, aos senhores, informes e convites 2 A senhora, os senhores e seus números (quase repetidos) em MP-TO (2017) O nome e sobrenome de TCE-TO (2013) De diretor-geral para diretor-geral, de novo o exclusivismo do masculino Considerando que quem considera sou eu, o Presidente O TCE e seus josés Os lugares por onde os josés tropeçam Ação, estado, fenômeno e... gênero Os josés da silva e seus números em TCE-TO (2013) Brasil (2018), sua prole e seus números recatados e do lar Considerações f(em)inais Referências Anexos Índice remissivo

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